Como a homofobia no futebol mostra o reflexo da sociedade


“Futebol é jogo viril, varonil, não homossexual.”
Juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, que usou essa frase para fundamentar uma decisão jurídica para negar procedimento de queixa do jogador Richarlison na época jogador do São Paulo contra o ex-diretor administrativo do Palmeiras José Cyrillo Júnior em 2007.

"Eu tenho treinado. Tem jornalista que gosta de homem, gosta de homem sarado, gosta que o cara tire a camisa, mostre o abdômen. Respeito a opção sexual de cada repórter, mas eu estou tranquilo."
Goleiro Aranha da Ponte Preta, ao ser questionado sobre sua condição física como jogador de futebol em 2017.

"Ôôôô, bichaaa!"
Termo repetido várias vezes durante muitas partidas de futebol quando o goleiro time visitante vai bater um tiro de meta.



Não são de hoje escutados os gritos de  qualquer apelido que figure como pejorativo a homossexuais, usados como forma de xingamento, tentando tornar assim menores os que se identificam com essa orientação sexual. 

Seria utopia, crer que num mundo preconceituoso, cheio de manias insuportáveis e tabus históricos e desnecessários, o futebol seria um mundo perfeito onde todos se respeitam e vivem em harmonia.

Achar que tudo isso é bobagem, e não se sentir mal com tudo isso, é comum e perfeitamente normal quando você não é parte da população a quem está diminuindo,usando palavras de baixo calão contra alguém, e dizendo que ela é pior ou menor que você porque não tem o mesmo comportamento, os mesmos gostos (em ocasiões específicas) e não compartilha do mesmo senso social que você.

O preconceito no futebol não se dá apenas com a homofobia. Houve uma época que os jogadores do Ajax - HOL, eram recebidos no estádio do rival com sons vazamentos de gás e tentavam imitar uma gigante câmara de extermínio. A razão é tão simples como digna de repúdio. Ao longo dos anos, os judeus holandeses se identificaram com a equipe .Os rivais do Ajax imitavam o som de gás porque, como quase todo mundo sabe, aproximadamente 6 milhões de judeus foram exterminados na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Muitos deles foram envenenados e morreram em câmaras de gás. A Holanda foi um dos países mais afetados pelo extermínio de judeus. Se você não conhece essa história o oriento então a assistir o filme "O Diário de Anne Frank" que é baseado num livro homônimo que mostra relatos de uma criança que viu as mazelas dessa época tão sofrida.

                   Torcida do Ajax leva bandeiras de Israel ao jogo contra o Maccabi Tel Aviv em Amsterdã, em 2004

O que faz, uma pessoa usar as características de alguém diferente para se sentir superior? Existem muitas razões históricas para isso, mas não podem se tornar explicações plausíveis para que este tipo de comportamento continue existindo no meio do futebol e principalmente no meio onde vivemos.

Combater o preconceito, não é ser "mimizento", chato, sem graça. É ser uma pessoa melhor, que entende que não manda no nariz dos outros, e não é melhor do que outra só porque tem experiências e modos de vida diferentes. Uma vez escrevi em uma rede social que: Não concordar com algo é um direito seu, saber que você não pode mudar alguém a força por alguma discordância, é seu dever.

Quem dera, se atitudes como a do Earthquakes - EUA, fossem repetidas. Em um jogo contra o rival da cidade, toda vez que o goleiro do time visitante pegava a bola a torcida gritava "Puto", termo de cunho homofóbico criado no México. 
Após o jogo então, o clube soltou uma nota oficial repudiando a atitude dos próprios torcedores.

                                                                               Ilustração: Verena Antunes/VICE

Em um mundo perfeito, não existiriam notas oficiais, textos e mais textos como esse falando de coisas óbvias como respeito aos semelhantes. Que pensemos mais nas atitudes que tomamos e como nós tratamos as pessoas, nossas atitudes revelam quem somos, mas mudanças em nossos conceitos também nos mostram que podemos ser melhores mesmo tendo sido pessoas intolerantes e desrespeitosas em outrora.

Pra finalizar, uso uma frase de um texto do Leandro Beguoci do blog Trivela: 
Nós, torcedores, somos melhores do que o preconceito. Os retranqueiros sociais não podem vencer esse jogo.

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